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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O aparelho excretor e os contra-sensos da política


Levy Fidelix (PRTB) causa espanto ao fazer declarações veementes contra a união homoafetiva


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O aparelho excretor e os contra-sensos da poltica
A noite é uma criança e tão surpreendente quanto. Quem trocou o Programa de Sílvio Santos ou o Fantástico pelo debate entre os candidatos à Presidência promovido pela Rede Record assistiu a uma das declarações mais abertas e chocantes contra a união homoafetiva. Minutos - ou segundos! - depois, como é de costume, as redes sociais inflamaram.
Manifestações de vergonha, raiva, estranhamento e espanto por ouvir que "órgão reprodutor não reproduz" surgiram tanto de pessoas comuns quanto de artistas, políticos e outras pessoas públicas. Pedidos de processos judiciais choveram.
Desse caso todo é possível visualizar dois contra-sensos na política brasileira. O primeiro é em relação ao candidato. Nessa altura do campeonato ver alguém ser contra a união homoafetiva com um argumento tão esdrúxulo como esse causa repulsa ou mesmo um estado de riso constante. A união entre pessoas do mesmo sexo não deve ser vista como mera questão sexual, existem outros fundamentos (igualdade, liberdade, questões administrativas e previdenciárias, segurança jurídica, etc.) tão fortes ou até mais do que o argumento da incapacidade reprodutiva. Afinal de contas, "pessoas estéreis também não reproduzem" e elas casam, diz a sabedoria da internet.
O segundo contra-senso: ouvir diversos pedidos de processo judicial por "homofobia". Em um debate político, a principal finalidade é conhecer a fundo os candidatos, a sua opinião política sobre temas diversos para embasar a escolha dos eleitores. Ali é preciso ser o mais claro possível. Sem encenações. Só assim poderemos escolher com transparência e sem enganos. A liberdade de expressão ali deve ser maximizada para permitir se falar de um jeito explícito, por mais chocante que possa parecer. Defender por exemplo que pessoas devem andar armadas não pode ser considerado como incitação co crime.
As petições inflamadas pela atuação do MPF ou de processos múltiplos soam exageradas. Homofobia não é a simples opinião contrária à união homoafetiva, nem mesmo por ser essa opinião tão chocante ou esdrúxula, é algo muito mais profundo: é a discriminação ou a prática de determinada conduta material em razão daquela opinião.
Acredito que a melhor atitude é repudiar o ato de um candidato caricato e infantil como o candidato do PRTB. Apelar para um procedimento institucionalizado, judicializado é desproporcional quando se trata de uma democracia livre e plural, como quer a Constituição.
A melhor punição para Levy deve ser tomada no plano político, utilizando-se das mesmas ferramentas que ele se utilizou, como a liberdade de se manifestar, por exemplo. Com fundamentação, inteligência e paciência se vai longe.
É uma pena que ainda tenhamos que ouvir coisas como essas de um candidato à Presidência! Mas como diria a sabedoria popular: "faz parte!".

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